O termo transpessoal significa para além da persona, palavra que, em grego, era usada para designar a máscara que os actores usavam no teatro. Se a máscara é a nossa personalidade, o transpessoal procura ver para além desta. Com Freud ficou clara a ideia de que o nosso eu é composto por mais do que as partes de que estamos conscientes. Freud analisou e definiu tudo aquilo que estava por trás do nosso consciente, o transpessoal procura definir o que está para além dele. Assim, se Freud catalogou e afirmou a importância do nosso inconsciente, a Psicologia Transpessoal, sem negar esta importância, vem realçar a existência de outros níveis da nossa consciência, igualmente importantes e a que alguns autores, como Sri Aurobindo, por exemplo, chamam o Superconsciente.
O termo “Psicologia” é familiar à maioria das pessoas, embora nem sempre seja compreendido no seu real aspecto. A idéia ou senso comum ainda dominante é a de que esta área apenas trate de criaturas com problemas mentais e emocionais, sendo, portanto, quase sempre à imagem de uma terapia mais ou menos isolante das pessoas com problemas emocionais ou mentais. Embora a Psicologia realmente adote a terapia para o tratamento de “problemas” este é apenas um dos ramos da Psicologia. Sua área de atuação é de uma grandeza muito mais ampla, inclusive na psicoterapia, cujo potencial de auxílio abarca muito mais que os problemas emocionais, já que o termo grego “PSIQUE”, d’onde deriva as palavras Psicologia, Psiquiatria, Psicanálise e outras, significa “ALMA”, sendo, pois, a psicologia, etimologicamente, o “Estudo da Alma”.
Mal uso da física quântica
A mecânica quântica, a peça central da física moderna, tem sido mal-interpretada para que implique que a mente humana controla a realidade e que o universo é um todo conectado que não pode ser entendido pela mera redução às partes.
Entretanto, nenhum argumento ou indício decisivo requer que a mecânica quântica tenha uma papel central na consciência humana ou que forneça conexões holísticas instantâneas através do universo. A física moderna, incluindo a mecânica quântica, permanece completamente materialista e reducionista na medida em que é consistente com todas as observações científicas.
A interpretação convencional da mecânica quântica, a interpretação de Copenhague, promulgada por Bohr e ainda mantida pela maioria dos físicos, não diz nada sobre consciência. Ela se preocupa apenas com o que pode ser medido e que predições podem ser feitas sobre como as distribuições estatísticas de conjuntos de medições futuras.
O comportamento aparentemente holístico e não-local dos fenômenos quânticos, pode ser entendido sem se descartar o bom senso da noção das partículas seguindo caminhos definidos no espaço e no tempo ou exigindo que sinais viagem mais rapidamente que a luz.
Nenhum movimento ou sinalização superluminal foi alguma vez observado, em concordância com o limite definido pela teoria da relatividade. Ademais, as interpretações dos efeitos quânticos não precisam demolir a física clássica ou o bom senso para tornarem-se inoperantes em todas as escalas – especialmente na escala macroscópica na quais os humanos funcionam. A física Newtoniana, que descreve com sucesso virtualmente todos os fenômenos macroscópicos, segue suavemente o limite de muitas partículas da mecânica quântica. E o bom senso continua a se aplicar na escala humana.
A Psicologia Transpessoal vê o homem como um todo, composto de corpo, alma e espírito, capaz de escolhas, capaz de transcender o limite físico do corpo, viajando fora do Espaço-tempo das teorias cartesianas de Newton, já ultrapassadas pelas teorias Quânticas e Relativas da física. Alias, é a união destas teorias com a psicologia, que já foram estudadas, anteriormente, porCarl G. Jung, que dá a base para a Psicologia Transpessoal como Ciência.
Jung já escrevia, em seus textos sobre a qualidade física da mente, citando a "energia da mente", os símbolos que canalizam esta energia e algo que liga a mente, como uma "central", mas que ele mesmo não soube explicar perfeitamente. Estudos ciêntificos tentam encontrar estes conceitos na natureza, de uma forma a "cientificar" a idéia religiosa do Panteísmo, através da Física Quântica.
A Psicologia Transpessoal aceita especialmente estes preceitos, e adiciona a capacidade do ser humano de alterar os estados da consciência, para alcançar uma dimensão diferente da normal (vigília) chamada comumente de "Consciente".
Mente aberta céu de luzes
A Psicologia Transpessoal é a linha da Psicologia voltada para o estudo dos estados da consciência, normais ou patológicos, que envolvem uma modificação qualitativa da consciência devido a fenômenos mentais subjetivos além da consciência normal em vigília e às limitações do ego em perceber a realidade apenas através dos cinco sentidos. Em outras palavras, implica em uma expansão da consciência e em uma ampliação de seu campo de percepção.
Pode-se dizer que a psicologia transpessoal é a primeira tentativa de integrar as diferentes visões de homem em uma visão mais ampla e abrangente, onde as divergências de opinião não sejam mais vistas como antagonismos, mas como visões complementares e não-excludentes sobre o mesmo objeto de estudo: o ser humano.
Reconhecem-se atualmente na psicologia quatro grandes correntes, ou “forças”. A Primeira Força é a abordagem comportamental ou Behaviorismo. A Segunda Força é a Psicanálise, fundada por Sigmund Freud e a Terceira Força é a Psicologia Humanista. A Psicologia Transpessoal surgiu então com a proposta de ser a Quarta Força da Psicologia. De modo diferente das 3 forças que a antecederam, a Psicologia Transpessoal não aparece com contestação das correntes já vigentes, mas como uma evolução natural da Terceira Força, a Psicologia Humanista. De fato, é de dentro do movimento humanista que surgem alguns dos “fundadores” do movimento transpessoal. Dentre eles, destacam-se Abraham Maslow(1908-1970) e Antony Sutich (1907-1976). Em seu livro Introdução à Psicologia do Ser, na edição de 1968, Maslow aponta para o surgimento da Quarta Força:
Devo também dizer que considero a Psicologia Humanista, ou Terceira Força em Psicologia, apenas transitória, uma preparação para uma Quarta Força ainda "mais elevada", transpessoal, trans-humana, centrada mais no cosmos que nas necessidades e interesses humanos, indo além do humanismo, da identidade, da individuação (...). (MASLOW, 1998, p.ii).
Uma forma de se entender isso é lembrarmo-nos da unidade em que se constitui na sua bela variedade de cores, o arco-íris. São sete cores visíveis, mas não se sabe ou pode-se determinar onde começa uma ou termina a outra. Antes, uma vai se transformando paulatinamente em outra, e, apesar de diferentes, estão juntas em um mesmo todo: o todo que constitui o arco-íris. Da mesma forma, as diferentes abordagens psicoterapias, embora se atenham a uma determinada característica essencial do ser humano, formam, em seu conjunto, um espectro de “cores” que constituem diferentes estados, ou etapas, ou níveis de consciência. Em se estando em um determinado nível ou estado de consciência, tem-se a tendência de explicar tudo a partir daquela determinada “cor”, o que hoje sabemos ser algo bastante limitador da realidade.
Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do auto-conhecimento vai emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho, susceptível e pessoal do eu, aberta para a livre participação de um mundo mais amplo de interesses objetivos. Essa consciência ampliada não é mais aquele novelo egoísta de desejos, temores, esperanças e ambições de caráter pessoal, que sempre deve ser compensado ou corrigido por contra-tendências inconscientes; tornar-se-á uma função de relação com o mundo dos objetos, colocando o indivíduo numa comunhão incondicional obrigatória e indissolúvel com o mundo".
A Psicologia Transpessoal nos oferece um universo rico de conceitos inovadores, descreve a consciência fundamentando-se em proposições subjetivas que carecem de uma verificação dentro do domínio da ciência tal como é concebida no Ocidente, utiliza técnicas psicoterápicas que enfocam o homem em sua relação corpo-espírito-cosmo, opondo-se ao enfoque das linhas psicoterápicas tradicionais.
Rompe com o modelo-padrão de Psicologia e vai de encontro com proposições muito atuais da Física, da Biologia, da Neurologia (Capra4,5), baseando-se em conceitos modernos de espaço, tempo, matéria; numa visão holística do homem; e na integração dos pensamentos Ocidental e Oriental.
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