12/12/2008

PANORAMA HISTÓRICO DA ACUPUNTURA



A Acupuntura é um dos mais valiosos legados que o povo chinês deixou para a humanidade, ainda que envolva uma linguagem metafórica e esotérica. Ela é composta por um vasto campo de conhecimentos, com origens e concepções filosóficas, abrangendo a saúde física, mental e social do ser humano, juntamente com todas as “formas de vida” do Universo, sua base reside na essência da filosofia e do misticismo chinês. A cultura chinesa é a única das grandes civilizações antigas, que sobreviveu até o século XX. 




A inserção de agulhas em pontos específicos do corpo para fins terapêuticos é aplicada há milênios. Sua origem parece ser na China, nas tatuagens em corpo mumificados encontrados na América do Sul, Sibéria e Europa Central (Moser et al. (1999) Lancet 354: 1023) sugerem o uso da Acupuntura por culturas pré-históricas não-chinesas. O exemplo mais famoso é Ötzi, homem preservado pelo gelo alpino por 5200 anos, surpreendentemente marcado por tatuagens que parecem indicar, com precisão de milímetros, alguns pontos da Acupuntura chinesa (Dorfer et al. (1999) Discov. Archaeol. 1:16). 
Através de observações da natureza e do Universo, os chineses notaram que os fenômenos seguem ritmos, ciclos e leis imutáveis ao longo dos anos. Tais descobertas têm sido aplicadas com resultados consistentes, até os nossos dias. 
As teorias, do “Logos”, do Tao, do yin – yang, dos cinco elementos e da energia Qi, podem ser aplicadas a qualquer campo das atividades humanas, até mesmo nas ciências exatas. De acordo com essas teorias, existem interferências das mesmas em todas as formas de vida animada ou inanimada, nos acontecimentos da vida, na formação de sociedades civis, no Universo, e até nas leis que regem o macrocosmo, as quais devem funcionar igualmente no microcosmo. 
O legado Chinês recua no tempo até a Pré-história. De acordo com o Nei Ching, há cerca de 5000 mil anos atrás o legendário Imperador Amarelo, Huang Ti (ou Huang Di), chamou o “médico-chefe” (conhecido como o curandeiro), e pediu-lhe que relatasse tudo sobre a Natureza, o Tao e as Leis que hoje regem a Acupuntura. Os questionamentos do Imperador e as respostas do “médico” vieram a formar mais tarde os primeiros registros sobre a Acupuntura, o Nei-Ching, que ensina a importância da aplicação da teoria dos cinco elementos, é descrito como, contendo dezoito volumes, os quais incluem, além da teoria dos meridianos e do uso de agulhas, todos os ramos da ciência da época, da filosofia à medicina, das leis sociais às ciências exatas. 
Atualmente o Nei Ching também é conhecido como I Ching ou Livro das Mutações, é composto por cinco livros, e surgiu na China há cerca de 3000 anos, entretanto, teve sua origem em formas oraculares ainda mais antigas. São nesses livros que se encontram as bases da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), o qual a Acupuntura é substância da mesma, e perdura desde os tempos antigos até os nossos dias. As inúmeras controvérsias em relação a esta coletânea, reunida como obra, deve-se ao fato de que nem todas as dinastias chinesas deram-lhe o devido valor. Além disso, as dificuldades lingüísticas apresentadas pelo idioma chinês tornaram-se um outro obstáculo para a difusão da Acupuntura. Seus preceitos não se limitam apenas à Acupuntura, sobre os quais numerosos tratados e códigos foram escritos. O que mais surpreendeu os primeiros europeus que chegaram à China, foi a utilização de agulhas de metal na cura das doenças, confundiram este método com a Acupuntura, quando ela nada mais é, do que uma das especialidades da Medicina Tradicional Chinesa. Foi natural que as obras que começaram a aparecer na Europa só tratassem desta especialidade chinesa. Há 5000 anos atrás, os chineses já utilizavam analgesias com agulhas.
Em 1056 ocorreu uma tomada destes conhecimentos e a obra clássica da Acupuntura é reorganizada em todos os aspectos. Porém, foi só a partir do século XVII, que se passou a elaborar, na própria China, versões simplificadas e sucintas sobre o uso da Acupuntura. 
Soulié de Morant, médico francês, foi quem trouxe os conhecimentos da Acupuntura para o Ocidente e introduziu sua prática, nos anos 30, em vários hospitais da França. Porém foi somente após a visita do presidente dos Estados Unidos Richard Nixon à China em 1971, que a imprensa deu o espaço necessário para que a Acupuntura pudesse desenvolver-se e ter expressão junto à Medicina Ocidental. Desde então, a classe médica mobilizou-se também para absorver e comprovar a eficácia da Acupuntura, tanto como prática de intervenção, como método de orientação e prevenção.
Jung, Psicólogo e Psiquiatra suíço, foi um dos principais responsáveis pelo ressurgimento, e interesse pela filosofia do mundo ocidental.
No Brasil, ela chegou com a vinda dos imigrantes orientais, a partir de 1810; mais tarde pelos japoneses, em 1908, e vem sendo ensinada desde 1958, através de cursos que seguem normas instituídas pelo MEC. 
Em 2002, foi assinado pelos Conselhos Federais de Saúde, entre os quais o Conselho Federal de Psicologia, a recomendação do exercício democrático da Acupuntura pelos profissionais da área no Brasil, desde que formados no curso especifico. 
Seus treinamentos e práticas estavam abertos para quem quisesse aprender e praticar. A partir da Resolução no 005/2002, que dispõe sobre a prática da Acupuntura pelo profissional de Psicologia, ficou legalmente liberada a sua prática. 

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA – 12ª REGIÃO – SC, Resolução CFP nº 005/2002. Dispõe sobre a prática da Acupuntura pelo psicólogo. O Conselho Federal de Psicologia, no uso de suas atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas pela Lei n° 5.766, de 20 de dezembro de 1971, (...) considerando as proximidades de propósitos entre a Acupuntura e a Psicologia, no sentido de intervenção e ajuda ao sofrimento psíquico ou distúrbios psicológicos propriamente ditos (segundo Catálogo Brasileiro de Ocupação/ MET e a concepção da própria Acupuntura). Considerando a  decisão deste  Plenário em reunião realizada no dia 24 de maio de 2002, resolve: 
Art 1o- Reconhece o uso da Acupuntura como recurso complementar no trabalho do psicólogo, observando os padrões éticos da profissão e garantindo a segurança e o bem-estar da pessoa atendida;  
Art 2o- O psicólogo poderá recorrer à Acupuntura, dentro do seu campo de atuação, desde que possa comprovar formação em curso específico de Acupuntura e capacitação adequada, de acordo com o disposto na alínea “a” do Art.1o do Código de Ética Profissional do Psicólogo;  
Art 3o - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação; 
Art 4o – Revogam-se as disposições em contrário. 
Brasília, 24 de maio de 2002. Odair Furtado – Conselheiro Presidente CFP. (CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA, 2006).

A Acupuntura ainda não é aceita por todos os profissionais e nem por todas as abordagens da Psicologia, contudo vem ganhando cada vez mais espaço no contexto nacional e internacional com todos os profissionais das áreas da saúde, por ser uma terapêutica que alcançou comprovação científica. 
As pesquisas científicas em Acupuntura surgiram em conseqüência de uma confluência de causas intrínsecas e extrínsecas.
 As causas extrínsecas despontaram no final do século passado, devido ao grande interesse de alguns médicos ocidentais, pelas condutas médicas antigas, do Oriente, assim como pelos bons resultados que obtiveram com seus pacientes. 
As causas intrínsecas surgiram da necessidade de explicações cientificamente convincentes para os fenômenos somáticos e psíquicos, com resultados positivos, provocados pelo emprego das terapias orientais, principalmente a Acupuntura, que foi alvo de maior atenção.
Todo o processo psicoterápico da Acupuntura, gira entorno dos cinco elementos: Fogo, Terra, Metal, Água e Madeira.




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