12/01/2009

O QUE OS BEBÊS PRECISAM


O BEBÊ já nasce num mundo frio e hostil, cheio de tensão. Embora não consiga expressar verbalmente seus sentimentos, alguns cientistas acreditam que, mesmo antes do nascimento, o feto está consciente do que se passa à sua volta.

O livro The Secret Life of the Unborn Child (A Vida Secreta da Criança por Nascer) comenta: “Sabemos agora que o feto é um ser humano consciente e reagente, cuja vida emocional ativa começa a partir do sexto mês (talvez até antes).” É bem provável que o bebê não se lembre, mas alguns cientistas acreditam que a estressante experiência do nascimento afeta sua vida futura.

Depois do nascimento, a tensão continua. Fora do útero da mãe, o bebê não é mais alimentado automaticamente. O “tubo” que transportava oxigênio e nutrientes não existe mais. Para sobreviver, o próprio bebê tem de começar a respirar e a ingerir nutrientes. Além disso, precisa de alguém que o alimente e cuide de outras necessidades físicas.

O recém-nascido precisa também se desenvolver mental, emocional e espiritualmente. Portanto, alguém precisa cuidar desse pequeno ser. Quem é que tem as melhores condições de fazer isso? Do que o bebê mais precisa? Como essas necessidades podem ser satisfeitas da melhor maneira? Os artigos seguintes responderão a essas perguntas.

DESDE o nascimento, o recém-nascido precisa de cuidados amorosos, o que inclui afagos e o contato pele com pele. Alguns médicos acreditam que as primeiras 12 horas de vida são fundamentais. Comentam que, logo após o parto, o que a mãe e o bebê mais precisam e querem “não é dormir nem comer, mas receber carinho e abraços, e se olhar e escutar um ao outro”.

Instintivamente, os pais seguram o bebê no colo, abraçam, afagam e acalentam-no. O bebê, por sua vez, sente-se confiante e achegado a seus pais, e reage à atenção recebida. O poder desse vínculo é tão forte que os pais farão quaisquer sacrifícios para cuidar do bebê ininterruptamente, se for preciso.

Por outro lado, sem o amoroso vínculo com os pais, o bebê pode literalmente definhar e morrer. Portanto, alguns médicos acham importante que, após o parto, o recém-nascido seja entregue imediatamente à mãe e fique com ela de 30 a 60 minutos, pelo menos.

Apesar de ser considerado extremamente necessário logo após o parto, alguns hospitais não facilitam o vínculo afetivo imediato entre mãe e bebê, tornando-o às vezes difícil ou quase impossível. É comum acontecer de bebês serem separados da mãe por causa do perigo de contaminação com infecções. Há indícios, porém, de que a taxa de infecções letais pode na verdade cair quando o bebê fica com a mãe. É por isso que cada vez mais hospitais estão se convencendo da necessidade de haver contato prolongado entre mãe e bebê, logo após o parto.

Preocupações com o vínculo afetivo

Algumas mães não se sentem emocionalmente apegadas ao bebê logo na primeira vez que o vêem. Por isso, elas talvez se perguntem se terão problemas em criar o vínculo afetivo. Há realmente casos de mães que não sentiram amor à primeira vista por seus filhos. Mas não há razão para se preocupar.

Mesmo quando a afeição maternal chega um pouco depois, ainda assim é possível desenvolvê-la plenamente mais tarde. “Não acontece nada durante o parto que determine se você vai ser bem-sucedida ou vai fracassar no relacionamento com seu filho”, observa uma mãe experiente. Mesmo assim, se você estiver grávida e está apreensiva, seria recomendável conversar antecipadamente com seu obstetra. Seja objetiva ao falar sobre quando e quanto tempo quer ficar com seu bebê no processo do vínculo afetivo, após o parto.

“Conversa comigo!”

Parece haver certos períodos em que bebês e crianças pequenas estão especialmente receptivos a estímulos específicos. Depois de algum tempo, esses períodos se encerram. Por exemplo, o cérebro infantil domina um idioma com facilidade, até mais que um, mas parece que o período mais propício para o aprendizado de idiomas é até os cinco anos de idade.

A partir da puberdade — que pode variar dos 12 a 14 anos —, aprender um idioma pode ser uma tarefa muito desafiadora. Segundo o neurologista pediátrico Peter Huttenlocher, isso acontece porque a partir dessa faixa etária “diminui a densidade e o número de sinapses nas áreas lingüísticas do cérebro”. Fica claro, então, que os primeiros anos de vida são fundamentais para se adquirir habilidades lingüísticas!

Como as crianças pequenas conseguem a façanha de aprender a falar, tão importante para seu desenvolvimento cognitivo? Em primeiro lugar, quando interagem verbalmente com os pais. As crianças reagem em especial a estímulos provenientes de humanos. “O bebê . . . imita a voz da mãe”, observa Barry Arons, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA. É interessante que os bebês, no entanto, não imitam todos os sons. Segundo Arons, o bebê “não assimila o rangido do berço, que ocorreu simultaneamente com a fala da mãe”.

Pais com diferentes formações culturais falam com seus bebês usando o mesmo estilo melodioso, que alguns chamam de “mamanhês”. Quando os pais falam de maneira amorosa, a freqüência cardíaca da criança aumenta. Acredita-se que isso contribua para acelerar a correlação entre as palavras e os objetos que representam. Sem dizer uma palavra, o bebê está transmitindo o seguinte: “Conversa comigo!”

“Olha para mim!”

Já ficou comprovado que no primeiro ano o bebê apega-se emocionalmente ao adulto que cuida dele, geralmente a mãe. Na verdade, o bebê, cujo vínculo afetivo está bem estabelecido, se relaciona melhor com outros do que os bebês que ainda não se sentem seguros em seu vínculo afetivo com os pais. Acredita-se que esse vínculo com a mãe tem de estar estabelecido quando a criança atinge três anos de idade.

O que pode acontecer caso um bebê seja ignorado no período em que o cérebro está mais receptivo a influências externas? Martha Farrell Erickson, que acompanhou o caso de 267 mães e seus filhos por mais de 20 anos, deu sua opinião a respeito disso: “A negligência vagarosa e persistente corrói o entusiasmo e a energia da criança a ponto de deixá-la com pouquíssima vontade de interagir com outros ou de explorar o mundo.”

Para ilustrar seu conceito sobre as sérias conseqüências da negligência emocional, o Dr. Bruce Perry, do Hospital Infantil do Texas, comenta: “Se você me pedisse para pegar um bebê de seis meses e escolher entre quebrar todos os seus ossos e ignorá-lo emocionalmente durante dois meses, diria que o bebê estaria em melhores condições se todos os seus ossos fossem quebrados.” Por quê? Na opinião do Dr. Perry, “os ossos podem colar outra vez, mas se uma criança não tiver o adequado estímulo mental por dois meses, isso causará desorganização cerebral permanente”. Nem todos concordam que essa lesão é irreparável. Mesmo assim, estudos científicos indicam que ambientes onde o estímulo emocional é favorecido contribuem muito para o desenvolvimento cerebral da criança.

“Em suma”, diz o livro Infants (Bebês), “[eles] estão preparados para amar e ser amados”. Quando uma criancinha chora, na verdade está quase sempre implorando a seus pais: “Olha para mim!” É importante que os pais a atendam de maneira carinhosa. Por meio dessa interatividade, o bebê torna-se consciente de que é capaz de transmitir suas necessidades a outros. Ele está aprendendo a se relacionar com outras pessoas.


‘Será que não vou mimá-lo desse jeito?’

“E se eu atendê-lo toda vez que ele chorar, não vou mimá-lo desse jeito?”, você pode se perguntar. Talvez. As opiniões são muito divergentes nesse sentido. Visto que cada criança tem características únicas, os pais geralmente têm de descobrir que tática funciona melhor. No entanto, algumas pesquisas recentes indicam que, quando o recém-nascido está com fome, sente-se incomodado ou está agitado, o sistema nervoso simpático libera hormônios do estresse. Daí, ele externa sua aflição por meio do choro. Comenta-se que, quando o pai ou a mãe o atende e supre suas necessidades, o adulto dá início à formação de redes de células no cérebro do bebê que o ajudam a aprender a se acalmar. Além disso, segundo a Dra. Megan Gunnar, o bebê que foi atendido de maneira cuidadosa produz menos cortisol — hormônio de estresse. E mesmo quando fica aflito, ele interrompe mais cedo a reação de estresse.

“De fato”, comenta Erickson, “os bebês que foram atendidos mais rápida e consistentemente, em especial durante os primeiros 6 a 8 meses, na verdade choram menos que os bebês que foram deixados sem atendimento”. É importante também diversificar a maneira de atender o bebê. Se você o fizer sempre da mesma forma, talvez amamentando-o ou pegando no colo, ele pode ficar realmente mimado. Às vezes ele pára de chorar só de escutar a sua voz. Ou então, aproximar-se dele e falar algo em voz baixa perto do ouvido pode ser suficiente. Ainda outra opção é tocá-lo nas costas ou na barriga.

“O dever do bebê é chorar.” Assim diz um ditado no Oriente. Para o bebê, chorar é a melhor maneira de expressar o que ele quer. Como você se sentiria caso fosse ignorado toda vez que solicitasse alguma coisa? Então, como deve se sentir seu bebê, que fica indefeso sem um cuidador, se for desprezado toda vez que implora sua atenção? Quem, no entanto, deve atender a esse apelo?

Quem é que cuida do bebê?

Há algum tempo, um censo realizado nos Estados Unidos revelou que 54% das crianças até 8 ou 9 anos recebem algum tipo de cuidado constante de outras pessoas que não são seus pais. Em muitos casos, tanto o pai como a mãe têm de trabalhar para conseguir pagar as despesas mensais do lar. Muitas mães tiram a licença-maternidade, quando possível, a fim de cuidar do recém-nascido por algumas semanas ou meses. Mas quem vai cuidar do bebê depois disso?

É claro que não há regras rigorosas que orientam essas decisões. Mas é bom lembrar que a criança ainda está vulnerável durante esse período crucial da vida. Tanto o pai como a mãe devem analisar esse assunto seriamente. Na hora de decidir o que fazer, eles precisam analisar com cuidado todas as opções.

“Está ficando cada vez mais claro que deixar até mesmo o melhor dos centros educacionais infantis cuidar dos filhos não substitui o tempo que eles precisam passar com a mãe e com o pai”, comenta o Dr. Joseph Zanga, da Academia Americana de Pediatria. Alguns especialistas se mostram preocupados com o fato de que bebês deixados em creches acabam não recebendo atenção do cuidador na medida necessária.

Algumas mães que trabalhavam fora, conscientes das necessidades fundamentais da criança, decidiram ficar em casa em vez de deixar que outras pessoas cuidassem das necessidades emocionais dos filhos. Certa mulher afirmou: “Fui agraciada com uma alegria que honestamente acredito não ser possível achar em nenhum emprego.” Naturalmente, a situação econômica nem sempre permite que as mães tomem decisões como essa. Muitos pais não têm outra escolha a não ser apelar para as instituições de cuidados infantis, enquanto fazem o máximo para suprir os filhos, quando estão juntos, da atenção e do carinho necessários. Ao mesmo tempo, há vários casos em que o pai ou a mãe sem cônjuge, com poucas opções nesse aspecto, fazem um esforço considerável na criação dos filhos e com excelentes resultados.

Ser pai ou mãe pode ser uma tarefa que dá muita alegria e é cheia de emoções. Ainda assim, é desafiadora e exige muito dos pais.

Como ser bem sucedido nesta tarefa?

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