27/03/2009

SUBJETIVIDADE



Os Psicólogos avaliam as emoções humanas examinando um ou mais componentes: o elemento objetivo e sua subjetividade, os quais se encontram em pólos de interesses variados.

O método para estudar a subjetividade deve ser, portanto, o que leva a procurar no indivíduo as “marcas da sociedade”.
Dizer que o indivíduo é mediado socialmente, não significa que ele seja afetado externamente pela sociedade, mas sim que se constitui por ela, pela sua introjeção. Isso implica que os “aspectos psicológicos” surjam na formação, e que a separação extrema entre psique e formação, trazem consigo algo de equivocado, uma vez que o objeto da primeira surge da segunda.

A Psicologia tem como finalidade entender as questões que se referem à subjetividade, compreender as finalidades, as instâncias, os meios pelos quais uma determinada cultura forma o indivíduo, e como o mesmo se percebe e opera neste meio.





Todo trabalho psicoterapêutico está calcado numa determinada visão de homem, a qual desemboca numa atitude, numa ação. Sendo que, visão de homem refere-se a uma implicação subjacente à prática. Trata-se de um modo de perceber o ser humano, que sustenta, fundamenta, nutre e direciona o trabalho de qualquer psicoterapia. Cada método está amparado numa perspectiva que define uma “noção de homem”, como ele funciona e se desenvolve, e sob a qual fundamenta sua técnica.

Na história da civilização Ocidental, a compreensão tem sido distinta e conforme a condição de vida do indivíduo, e a formação que dá-se em consonância com as necessidades da produção social, possuindo a pretensão de desenvolver no indivíduo as habilidades para se construir frente à produção, e/ou de acordo com as interpretações que são dadas para o mundo, o que lhe permite ter um posicionamento frente às questões sócio-políticas.

Por meio da mídia, a doença, um problema humano e existencial, pode ser compartilhado por todos os segmentos da sociedade. Para estes segmentos sociais, saúde-doença envolve uma complexa interação entre os aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais da condição humana e “seus significados”, exprimindo uma relação que perpassa o corpo individual e social do ser humano, enquanto ser total. Portanto, saúde-doença é uma categoria que traz uma carga histórica, cultural, política e ideológica.

A crítica aos métodos qualitativos, de serem subjetivos e não poderem ser generalizados os dados por eles coletados, padecem da falta de informação, de que a subjetividade a ser estudada é da mesma ordem daquele que estuda.

Ao contrário das separações possíveis entre sujeito e objeto presente nas ciências naturais, nas ciências humanas o que é estudado faz parte do mundo do pesquisador e de sua própria constituição. Além disso, se toda subjetividade só o é pela mediação social, as universalidades dos dados qualitativas permitem a pergunta que leva à necessidade de saber o “quanto é geral o particular”. Por outro lado, a crítica aos métodos quantitativos, de que reduzem a riqueza do objeto estudado, ao instrumento, não percebe que aquela redução não é devida ao método, mas ao objeto. Se o método qualitativo permite o aprofundamento do que acontece no particular, o método quantitativo possibilita verificar a extensão desse acontecimento. Assim, a Psicologia não pode deixar de utilizar qualquer um dos dois tipos de método nos estudos sobre a subjetividade. Essa relação entre os métodos quantitativos e qualitativos talvez seja análoga ao que se pode pensar entre a ciência e a “arte”.

Entende-se que o paradigma não pode ser apenas científico, pois não pode haver dicotomia entre ciências sociais e naturais. Assim, não há por que restringir a formação do psicólogo aos métodos científicos até então utilizados, observando, é claro, que estes são imprescindíveis, devendo-se também recorrer à “arte” para poder pensar a subjetividade possível ao longo da história e na atualidade.
Sem a “arte”, que refina o espírito, não é possível alcançar aquilo que deveria ser refinado. Da mesma forma que a “arte”, a Filosofia é fundamental para se entender a subjetividade, mesmo porque essa é uma categoria filosófica. Através dela é possível pensar no projeto histórico do indivíduo, os quais é preciso superar as distinções tão familiares e óbvias, tais como natureza e cultura, o natural e o artificial, o vivo e o inanimado, o subjetivo e o objetivo, o coletivo e o individual, o “Todo” e a menor parte, entre outros.

O conhecimento não pode ser particularizado, mas deve ser total, melhor dizendo, holístico/sistêmico. Não se pode separar “Psicologia e doença”, por que o seu campo de atuação é a própria realidade contemporânea em que vivemos. O estudo da subjetividade não se reduz aos métodos a serem utilizados, pois não pode prescindir da teoria, da sociedade, uma vez que, como dito, a sociedade é a constituinte básica da subjetividade. A teoria não deve servir unicamente à elaboração dos instrumentos, mas, em qualquer caso, deve iluminar as respostas dos sujeitos pesquisados. Ela não se reduz ao empírico e nem à sociedade atual, mas pode transcender ambos.

A diferenciação do indivíduo ou, a individuação, dá-se, pela “incorporação da cultura”, pois a formação não é outra coisa que: a cultura pelo legado de sua apropriação subjetiva, ou seja, o ser humano só desenvolve a sua subjetividade, tornando-se indivíduo, na cultura e através dela; ele não existe a priori, é produto da cultura, o que não significa que os primeiros anos de vida não sejam importantes. O próprio passado, só pode ser rememorado, através dos diversos filtros apontados por Freud, e pelos símbolos e significados que são adquiridos a posteriori.

A “realidade”, contudo, só pode ser apreendida pelos conceitos desenvolvidos sobre ela, o que implica, de um lado, que a “realidade” não seja apreendida diretamente e, de outro lado, que as diversas concepções sobre a “realidade” devam ser confrontadas entre si, tendo a própria “realidade” como critério de verdade.




O paradoxo é que, assim, a própria subjetividade se torna objetiva no julgamento da realidade, o que obriga o sujeito a se perceber simultaneamente como sujeito e como objeto. Neste conflito, ao longo da história, o particular - o sujeito psíquico - teve de submeter-se ao Universal - o sujeito epistêmico, o que significa que é pedido para a realização do Universal o sacrifício do particular. Mas se o inverso ocorrer, a própria possibilidade do sujeito psíquico também se perde. Deve-se lembrar também que a relação entre o particular e o Universal é mediada socialmente.




A palavra é o fenômeno ideológico por excelência, é o modo mais puro, e sensível signo de relação social. Nenhum símbolo cultural, quando compreendido e dotado de um sentido, permanece isolado: torna-se parte da Unidade da consciência verbalmente constituída. A palavra está presente em todos os atos de compreensão e em todos os atos de interpretação, tanto direta como indireta. Assim, aspectos do que conceituamos como “histórico-cultural” e “ideológico”, podem, se tornar visíveis em uma análise da materialidade da língua, que constitui e estabiliza modos de ação e de elaboração mental, como práticas inscritas e instituídas na cultura. Isto implica dizer que quando se fala sobre a palavra, também reporta aos outros órgãos dos sentidos, por ex: o mudo fala por gestos, expressões e emissões de alguns sons.

Se de algum modo preocupa-se em compreender como a palavra vai forjando e transformando a memória, ou seja, como a memória dita psicológica, vai se constituindo e se organizando pelo discurso, pode-se também problematizar como a memória vai se inscrevendo na palavra, como as práticas vão se registrando no discurso, como aquilo que tornou objeto da fala e da emoção humana que se perdura ou se esvai.





A neuroplasticidade levanta questões sobre a responsabilidade da cultura,
do meio e da educação na constituição de indivíduos diferentes.



Saiba mais:

VOCÊ PODE ENCONTRAR A FELICIDADE VERDADEIRA.
http://www.watchtower.org/t/200604/article_01.htm


COMO ENCONTRAR A VERDADEIRA PAZ MENTAL.
http://www.watchtower.org/t/20080201/article_01.htm



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